terça-feira, novembro 07, 2006

O LIVRO DO ANO PARA A EDUCAÇÃO DO RN.

O LIVRO DO ANO PARA A EDUCAÇÃO DO RN.

William Pereira da Silva

Excelente o estudo realizado pelo sociólogo e doutor em Educação Brasileira pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará – UFC e atualmente professor de Sociologia da Educação, Política Educacional e Pesquisa Educacional da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, Professor Carlos Alberto Nascimento de Andrade no seu livro Planejamento Educacional, Neopatrimonialismo e Hegemonia Política (RN, 1995-2202).
Esta extensa pesquisa realizada pelo professor Carlos Alberto Nascimento de Andrade foi apresentada na sua tese de doutorado defendida em abril de 2003 na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará – UFC.
Este estudo através de uma rica e profunda pesquisa analisa e demonstra de forma brilhante os empecilhos políticos que limitam a execução do planejamento educacional no Rio Grande do Norte, evidenciando o estudo da prática dos agrupamentos políticos partidários que hegemonizam a política neste estado, focalizando o jogo de interesse particulares desses agrupamentos no âmbito do sistema educacional, como relata o autor na introdução do seu livro.
O livro bem confeccionado com ótimo formato para uma leitura dinâmica trás esclarecimentos desde os planos capitalista onde é lançado as idéias do Neoliberalismo no sistema educacional no Brasil até os planos do Banco mundial que exerce influencia direta nas decisões do governo brasileiro no que se refere ao conjunto das políticas educacional do nosso país, chegando até a nossa realidade intrínseca onde a influencia dos políticos criam esquemas de clientelismo, corrupções e praticas afins.
O Plano Decenal de Educação para Todos: 1993-2003 (PDET), a política educacional de Fernando Henrique Cardoso, O Plano Nacional de Educação (PNE) o pragmatismo da gestão democrática, Método de Gerência da Qualidade Total na Educação (CQTE), Escola de Gestão Total (1995): uma tentativa de democratização da gestão escolar, o clientelismo no sistema educacional, o clientelismo na gestão escolar, Direção escolar: pilar do clientelismo, o caso merenda escolar, são alguns tópicos apresentado para estudo e analise de forma clara e objetiva.
Torna-se obrigatória a leitura deste livro a todos que atuam no contexto educacional para entender o que acontece na educação no Rio Grande do Norte. Ao terminar de ler o livro o leitor compreenderá a realidade vivida pelas escolas publicas onde passamos por sucessivas crises e ficamos jogando a culpa entre nós sendo os políticos grandes causadores do péssimo funcionamento das escolas e a má qualidade da educação ocasionada pelo clientelismo exagerado nas escolas do nosso estado. Teremos a real dimensão dos diversos fatores que influenciam o nosso cotidiano nas escolas.
Não sou vendedor de livros nem tampouco alguém me influenciou a expor minha opinião sobre esta obra. Foi a minha vivencia na educação como profissional experiente que passou por perseguições, incompreensões, ultrajado por querer sempre o melhor para a escola que trabalho com projetos ricos e viáveis dando qualidade ao ensino e que sentiu na própria pela durante vinte e três anos de magistério o clientelismo político que determino nas minhas palavras de “politicagem sebosa” interferindo no meu trabalho. Quanta vezes tive de agüentar diretores incompetentes, indicados por políticos, sem a mínima capacidade para administra uma escola determinando absurdos e humilhando aqueles que realmente estudam, pesquisam, trabalham , produzem, sendo escanteado para dar lugar a profissionais incompetentes que vão a escola para manter somente sua carga horária e somem do convívio escolar com o consentimento dos politiqueiros de plantão. Este livro me faz entender tudo o que passei e que passa a educação do Rio Grande do Norte.
Nas suas Considerações Finais o autor confirma aquilo que sabemos existir na educação e todos se omitem de combater e lutar contra esta imensa engrenagem que deturpar o funcionamento da educação no nosso estado. Sindicatos, Ministério Público, Secretaria de Educação, DIRED. Todos, todos sabem da corrupção, dos favorecimentos ilícitos, dos desvios de verbas, dos funcionários fantasmas, das substituições ilegais e nada fazem de concreto para acabar com este mal existente nas escolas.
Peço permissão ao autor para expor parte de dois parágrafos das suas considerações finais e deixar a reflexão para toda comunidade escolar:
Esquemas de Clientelismo, corrupção e práticas afins nas instituições públicas estatais, são patrocinadas diretamente por grupos plurais “integrativos” (segmentos sociais diversos: políticos – deputados arrivistas – empresários, técnicos de secretaria, grupos policiais clandestinos e certos setores do judiciário). Esta composição, forma “redes de trocas” organizados com capacidade de atuação de longa duração. Aliás, vale ressaltar que uma pratica ilícita só terá durabilidade no interior dos aparelhos de Estado quando ele for além de suas iniciativas pessoais isoladas.
Cada segmento que compõe a rede tem uma função especifica, cujos objetivos comuns são em primeiro lugar favorecer seus membros através de trocas recíprocas; o segundo objetivo é garantir a permanência da pratica sem maiores riscos para seus componentes. Este objetivo é garantido por grupos policiais clandestinos, pelo tribunal de Contas e setores do judiciário... O tribunal de contas não fiscaliza porque seus membros são indicados pelo governador... Com efeito, pode-se inferir que tanto o Tribunal de Contas do estado como a Assembléia Legislativa apenas referendam o que já vem manipulado pelo executivo estadual... Em relação ao judiciário a situação não é diferente, conjunturalmente, a conivência com administrações neopatrimoniais é um dos seus principais traços, embora devamos ressaltar que do ponto de vista legal esta não seja sua função institucional.
Leitura obrigatória, não perca.
Encontrei o livro na POTYLIVROS no Centro de Convivência do Campus Central da UERN – Loja 05, 06 e 07. Preço; Abaixo de vinte reais.

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