terça-feira, novembro 07, 2006

O PODER DA IMITAÇÃO

O PODER DA IMITAÇÃO

Por William Pereira da Silva
Passando em frente ao mural na escola fiquei surpreso com uma frase escrita na exposição de uns textos, lá dizia; NUNCA DEVEMOS IMITAR, NÃO IMITE JAMAIS, procurei o sentido real do texto e não vi nada que se referisse a não imitar algo ruim, nefasto, prejudicial, tenho certeza que estimulava mesmo A NÃO IMITAR NADA NEM A NINGUÉM. Fiquei pensativo olhando aquilo e buscando na minha memória onde tinha lido sobre a importância da imitação na aprendizagem para o ser humano, fui aos livros e na internet e encontrei esses parágrafos sobre imitação, vejamos:
“A tendência para a imitação é instintiva no homem, desde a infância. Neste ponto distingue-se de todos os outros seres, por sua aptidão muito desenvolvida para a imitação. Pela imitação adquire seus primeiros conhecimentos, por ela todos experimentam prazer. (ARISTÓTELES, p. 266)”
“Reportando-se, novamente em 1936, aos atos de comando e obediência, Janet afirma que eles estão presentes nas várias formas de relações sociais, uma das quais é a imitação. Como parte essencial da formação da individualidade, a imitação abrange vínculos mútuos entre o indivíduo e os modelos sociais. Essa interpretação é interessante por mostrar que não existem processos sociais em que somente um lado é ativo. Para Janet (1936), a imitação não diz respeito apenas àquele que imita como usualmente se acredita, mas também àquele "que se deixa imitar, que não se desgosta quando se copia seus movimentos, quando se o segue; que, ao contrário, coloca-se em evidência e faz movimentos bem visíveis que os outros possam facilmente imitar" (p. 103). Comando e obediência vinculam-se também e principalmente à linguagem. Nesse âmbito, comandar e obedecer correspondem a "dois atos inseparáveis, o ato de falar e o ato de ser falado" (Janet 1936, p. 116). Aqui se destaca o papel regulador da linguagem, que deve ser entendido como de inter-regulação, sob uma concepção de um tenso entrelaçamento de condições de subordinação e de partilha, de se sujeitar e se impor, no encontro do indivíduo com outros.”
Da imitação de Cristo e desprezo de todas as vaidades do mundo;
“Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor (Jo 8,12). São estas as palavras de Cristo, pelas quais somos advertidos que imitemos sua vida e seus costumes, se verdadeiramente queremos ser iluminados e livres de toda cegueira de coração. Seja, pois, o nosso principal empenho meditar sobre a vida de Jesus Cristo”.
“Toda a nossa santificação consiste em conhecer Cristo e imitar Cristo. Todo o evangelho e todos os santos estão cheios deste ideal, que é o ideal cristão por excelência. Viver em Cristo; transformar-se em Cristo… São Paulo: «Pois não quis saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo Crucificado» (1Cor 2,2)… «Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim» (Gl 2,20)… A tarefa de todos os santos é realizar na medida das suas forças, segundo a doação da graça, diferente em cada um, o ideal paulino de viver a graça de Cristo. Imitar Cristo, meditar a sua vida, conhecer os seus exemplos… O mais popular livro da Igreja, depois do Evangelho, é o da «Imitação de Cristo», mas, de quantas diferentes maneiras compreendeu-se a imitação de Cristo!”
“Ninguém deve ter medo de não ser capaz de fazer o que outros já tenham feito, porque todos os homens nascem vivem e morrem da mesma maneira, e, portanto, muito se assemelham uns aos outros. (Maquiavel)”
Percebe-se que tudo na vida passa pela imitação, NÃO HÁ APRENDIZAGEM SEM IMITAÇÃO, quem escreveu está totalmente equivocado ou não esclareceu devidamente ao que devemos ou não imitar, mesmo assim somos levados a imitar tanto para o bem como para o mal, tudo vai depender das nossas convicções. Há uma frase de Victor Hugo que diz o seguinte “Não imites nada nem ninguém. Um leão que copia um leão torna-se um macaco” talvez tenha sido esta a motivação para tal afirmação no mural, mesmo assim essa citação esta mais para uma parábola ao invés de uma negação do poder da imitação, ele utilizou num sentido figurado, talvez.
Quando estamos em sala de aula o que mais fazemos é colocar o aluno para imitar, seja colocando textos no quadro onde os alunos copiam, isto é, reproduzem imitando o que está escrito ou quando solicitamos tarefas das mais diversas. Tudo que repassamos no processo ensino-aprendizagem a imitação está inserida. Ao ensinar informática pedimos aos nossos alunos que repitam ações de digitação, controle do mouse, pesquisa na internet exatamente como aprendemos de outras pessoas.
Portanto quem quer seja tenha equivocadamente colocado aqueles textos, prestem mais atenção no que reproduzem e saibam que tudo na vida não passa de imitações. Então não tenham vergonha de imitar principalmente as virtudes que a vida oferece tudo que é bom e belo deve e pode ser imitado.
“Não há mal algum em se imitar, o essencial é saber por que se faz isso” - Constantin Fédine.
‘A imitação é a mais sincera das lisonjas’ - Charles Caleb Colton.

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