terça-feira, novembro 07, 2006

MACALÉ DA EDUCAÇÃO

MACALÉ DA EDUCAÇÃO

William Pereira da Silva

No programa os trapalhões na década de oitenta tinha um personagem com o nome de Macalé. Ele era um cara feio, desdentado, beiçudo, desarrumado, debochado, tinha como papel entrar em cena e dizer NOJENTO. Tudo o que ele fazia no programa era isso; entrar em cena olhar para a câmera, entortar a boca e dizer NOJENTO e saia de cena. Fez sucesso e chegou até a gravar um disco com uma musica em que o refrão tinha como ponto máximo a palavra NOJENTO (Fenômenos da televisão brasileira em particular a globo que de uma idiotice faz verdadeiros milagres de audiência).
Parece que na educação temos os nossos Macalés ou ainda as Macalés.
Esta semana vinha passando na calçada no centro da cidade e encontro dois professores discutindo assuntos referentes à educação e as escolas, o tema principal era a situação das escolas e a baixa qualidade da educação oferecida aos alunos. No auge da discussão um deles mais exaltado apelava argumentando que tudo esta acontecendo de ruim na educação é culpa dos professores, são eles que não querem trabalhar direito, não luta e jogou todo o peso da crise na classe dos professores.
Evidentemente que combati tal afirmação e apesar de não ser o local para tal fórum ainda tentei argumentar com o mesmo que ele estava equivocado. A questão da crise da educação é algo histórico e passa necessariamente pelo clientelismo político e o professor é mais uma das vitimas desse processo. Talvez os professores tenham alguma culpa como todo funcionário público ou a própria sociedade tem. O comodismo, a indiferença, o ceticismo, a falta de compromisso, o medo, a descrença, o estresse, o repudio, tudo isso e mais alguns fatores podem inibir e afastar os professores do foco da luta por uma educação melhor, mas jamais ter a culpa pelo que esta acontecendo.
O governo, as leis, as instituições que administram a educação, os recursos, os políticos, é isto tudo que rege a educação. Recebemos tudo pronto “lá de cima”. Até o ano passado quem indicava diretores das escolas, quem determinava para onde iriam as verbas, quem comandava a educação e as escolas eram os políticos. Todos sabem como funciona. Um deputado tem tantas escolas no seu comando, indicando diretores, interferindo no envio de recursos, protegendo apadrinhados políticos, ocasionando o total descumprimento das Leis de Diretrizes e Bases da Educação levando as escolas ao péssimo funcionamento e inclusive o fechamento de algumas. Os professores, os alunos, os servidores, todos passam a ser vitimas desse processo. Os professores não fazem leis, não indica diretores, nas determina recursos, não desviam as verbas. Podemos dizer que existem alguns professores, somente alguns professores privilegiados, apadrinhados de politiqueiros que passavam a ser diretores e vice-diretores das escolas. Estes sim têm culpa no cartório, porque seguiam fielmente a cartilha de seus chefes políticos. No governo atual exageraram nos desvios de verbas, na incompetência, na insensatez, no total desrespeito a leis que regem a educação e nos governos anteriores eram simples marionetes nas mãos do clientelismo político existente no Rio Grande do Norte. Vergonhosamente um dos poucos estados que ainda passam por este mal.
Os professores são lutadores, verdadeiros heróis em se manter neste sistema de ensino falido. Os professores por diversas vezes estiveram nas ruas, nas praças lutando pela melhoria na educação. Os professores em sua maioria vão para escola trabalhar, ensinar, mas chegam e encontram uma escola desestruturada, sem recursos didáticos suficientes, falta de profissionalismos gerados pela politicagem existentes, dirigentes incompetentes, ocasionando um clima de insatisfação trazendo um relacionamento ruim e levando muito deles aos estresses. Os professores em sua maioria são honestos, trabalhadores, lutadores, estudiosos, pesquisadores, dedicados. E afinal quem são os professores ruins? Se bem espreitares é aqueles que pegaram numa bandeirinha de algum candidato no intuito de adquirir benefícios próprios, angariar cargos em que trabalhem pouco, consigam desviar alguns recursos e verbas da educação para encher seus bolsos de dinheiro destinados às crianças e jovens pobres que tanto necessitam de uma educação de qualidade. São aqueles que de professores passaram a ser diretores ou vice e andam pelas ruas dizendo que a culpa é dos professores e que somos NOJENTOS. São esses os verdadeiros Macalés da educação.
Também temos algumas Macalés na Educação, são pessoas aparentemente bonitas, honestas, trabalhadoras, eficientes. Tudo isso não passa de fachadas e essas macalés vivem dizendo por aí que os Professores ou algum professor é NOJENTO porque esses denunciam, lutam, trabalham honestamente, cumprem o seu dever de cidadão ensinando os alunos como ser cidadão. Não vivem do nepotismo nem do apadrinhamento político, não se escondem atrás de santas e falsas orações eles são concursados, eficientes, tem fé, zelam pelo patrimônio publico e querem uma educação de qualidade para todos. Quem sabe um dia essas pessoas nos seus sonhos recebam o espírito do verdadeiro Macalé e escutem bem o que ele tem para dizer a elas.

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