sábado, setembro 29, 2007

ALGUÉM

ALGUÉM

William Pereira da Silva
Alguém, num ato de amor foi gerado. Dentro da placenta foi se desenvolvendo obedecendo às leis naturais do desenvolvimento humano. A CISSIPARIDADE,  processo em que a célula que constitui o corpo do indivíduo se divide por mitose em outras duas idênticas começou a dar formas a este ser. Daí alguém vai sendo gerado dentro do útero. Ele quando alcança certo estagio da sua geração, tem seus movimentos de pernas e braços já dentro do útero bem acentuado, consegue até chupar seu dedinho, como num treinamento para no futuro bem próximo ter os movimentos da sucção bem treinados para mamar.
Alguém nasce e todos seus movimentos reflexos estão prontos para atender suas necessidades de alimentação e demonstrar parte de seus desejos e necessidades. Consegue através do movimento de preensão, nos primeiros dias de vida, agarrar com segurança e se manter fixo a uma corda. Tem nos seus movimentos reflexos, capacidade de nadar motivado por ter vindo de uma placenta cheia de líquidos onde ele vivia confortavelmente dentro do útero.
Nasce,  com o tempo seus movimentos vão se desenvolvendo e ampliando naturalmente sem necessitar da instrução de ninguém, apenas o auxilio para ser alimentado e cuidados para não se acidentar. Esse alguém aprende a sugar,  pegar, agarrar, levantar, subir, equilibrar, andar, correr... sem a necessidade da interferência dos outros, Tudo ocorre pelas informações genéticas definidas pela evolução humana, todos são movimentos naturais.
Alguém segue seu crescimento adquirindo em difusão com o meio ambiente aumentando a amplitude de seus movimentos não precisando de nenhuma orientação para brincar com seus amiguinhos. Correm, dançam, cantam, brincam de roda, de corda, andam nas bicicletas, inventam brincadeiras, lutam entre si, faz tudo isso e muito mais sem precisar da orientação e intervenção dos outros, eles sozinhos aprendem a ampliar seus movimentos naturais.
Esse alguém precisou ir para a escola e tudo mudou. Prenderam-no numa sala e obrigaram-no a ficar imóvel para aprender o que os outros queriam ensinar. Sua vida foi sendo modificada, já não podia correr brincar e usar seus movimentos de acordo com o desenvolvimento motor que tanto necessitava. Alguém teve seu curso natural de desenvolvimento motor modificado e comprometido para sempre. Quando passa o tempo, tendo sido impedido de correr e utilizar seus movimentos  com naturalidade aparece outros seres para dizer o que fazer e instruí-lo naquilo que ele mais sabia fazer.
Recebeu uma bola de presente dos pais, alguém muito feliz convidou seus amigos e foram brincar de jogar bola, tinha suas regras e ate campeonatos sabiam fazer. Formavam os times e os que ganhavam mais eram os campeões.
Era uma festa. Na havia um adulto sequer para dizer ou mandar em nada. Inventava de  jogar pênalti, fazíamos bolas de pano, jogávamos queimado, tudo que uma bola podia oferecer alguém brincava com  ela, até tique bola a meninada gostava.
Adolescente, alguém ia para as festa e dançava como um louco, adorava dançar, dançava rock, samba, valsa, todos os tipos de ritmos da época, alguém aprendia e aprendia pelo poder da imitação, só em ver seus amigos e amigas dançarem ele imitava os passos, juntos aprendiam a dançar coladinhos servindo para iniciar os primeiros e inesquecíveis namoros. Alguém num setor de baixo meretrício ficou encantado com a dança que diziam ser a gafieira, na qual homem e mulher em rodopios dançavam pelo salão com desenvoltura encantando a todos que assistiam.
A vida continuava e alguém sempre alegre, ativo, participativo, utilizava seus movimentos para expandir sua vida. Teve de começar a trabalhar e alguém carregava pesos, andava muito indo aos bancos realizar depósitos e fazer as tarefas que seu oficio exigia. Freqüentavam os clubes sociais e nas piscinas aprendeu a nadar com seus amigos do trabalho que o ensinaram andar  com maestria, num ambiente de brincadeiras e diversão.
Nos finais de semana alguém com sua turma iam à pescaria nos rios e lagos da cidade pescar com seus amigos, sendo necessário às vezes remar mais uma hora para chegar ao local onde estava os peixes, pescar, descamar, tratar, fazer um belo pirão, descansar um pouco, tomar banho e nadar um pouco, logo voltar a remar para voltar ao ponto de origem. Quando alguém não ia pescar, marcavam uma caçada no mato. Era uma caça com cachorro para caçar tatu e outros animais. Caminhávamos mais de duas horas para chegar ao ponto determinado pelos cachorros onde estava um tatu dentro do buraco. Muitas horas eram gastadas cavando o buraco para chegar ao tatu lá no fundo do buraco, sendo necessário às vezes dois homens, um segurando nas pernas do outro para poder  arrastar o animal do buraco, dois e até três dias ficávamos dentro do mato. A noite era linda e misteriosa sem as luzes da cidade.
Alguém certo dia leu a carta de Pero Vaz de Caminha que narrava os seres que encontraram no Brasil;
"Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel... A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes são feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber.
Os cabelos seus são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que de sobrepente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarelas, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiçoe as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena e pena, com uma confeição branda como cera (mas não o era), de maneira que a cabeleira ficava mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para levantá-la."
Dar para percerber que os indios encontrados no brasil, que eram mais de dois milhões,, formavam uma população de seres humanos saudaveis, corados, fortes que sabiam nadar, pescar, remar, correr, inclusive muitos anos depois descobriram em suas culturas várias atividades esportivas como exemplo a corrida do tronco, corridas de canoas, competição de pesca, danças e outras atividades físicas.Percebe-se tambem que o jogo de xadrez já fazia parte da tripulação dos navios da frota de Cabral. Percebe-se que eram livres, não havia ninguém para ensinar nada sobre sua saúde e movimentos corporais, aprendiam com a natureza.
Com a colonização e o advento do capitalismo tudo mudou e hoje temos uma população numerosa, em algumas cidades poucos espaços para desenvolver nossas atividades fisicas naturais, a alimentação quimica juntamente com a falta de saneamento da maioria da população formaram uma nação doente, obesa, gerando doenças no sistema cardio respiratorio onda as atividades fisicas deveriam ser ensinada nas escolas estimulando crianças, jovens e adultos a ter uma cultura corporal utilizando os movimentos naturais como alternativa para evitar o ostracismo da vida sedentaria criada pelo sistema capitalista. Muitas nações do oriente como Japão, Coréia, China tem uma cultura milenar de movimentos corporais, utilizando os movimentos naturais nas praças públicas onde as pessoas praticam atividades naturalmente em grupo.
Alguém aprendeu que há um ditado chinês que  diz; "dê mil passos por dia e seus problemas de circulação estarão resolvidos". Alguém aprendeu que os movimentos humanos são extremamente necessários para nossa saúde. Movimento é vida.. Alguém aprendeu que há profissionais mercenários utilizando de artificos iguais a muitos médicos que preferm ver uma populaçao doente e submissa para ditar normas  lucrando com a ignorancia e omissão do  povo, que fazer um trabalho de prevenção desde a infancia concientizando ao povo em geral que ele é capaz de sem gastar um tostão de ter hábitos saudaveis, utilizando de uma alimentação adequada e seus movimentos naturais. Vale mais ganhar dinheiro.
Ninguém ensina a ninguém a andar, correr, saltar, pular, trepar, comer, pegar, jogar, saltitar, subir... utilizar todos seus movimentos para viver. Ensina a valorizar a cultura corporal.
 
 

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