OS AQUETAS
OS AQUETAS
William Pereira da Silva
Na Hirudínea moravam os Aquetas, povo manso, ordeiro, calmo, descansados, omissos, submissos, todos tinham orgulho dessas característica, daí formavam um grupo de pessoas bastantes organizados. Nada que viesse a perturbar a ordem natural de suas intenções era aceito por eles. Preferia ver suas instituições ruindo a lutar pela melhoria delas, cada um só pensavam em si.
Passaram anos e anos vivendo felizes não percebendo o mal que faziam aos jovens da sua comunidade, não tinham percepção do futuro, eram extremamente imediatistas A lei que prevalecia era levar vantagem em tudo, todos tinham de trabalhar apenas pensando receber seu dinheiro no final do mês, cumprir seu expediente com o mínimo de esforço possível, isso determinava sabedoria, esperteza, sensatez. Os Aquetas tinham um poder de organização tão grande que nada impediam de realizar suas ações, por incrível que pareça nas suas escolas eles agiam também desta maneira, educando seus filhos, sua geração para orgulhassem de viverem conforme suas tradições de egoístas, corruptos, preguiçosos, predadores.
As escolas de Hirudínea em sua aparência tinham aspectos de prédios abandonados com suas paredes sujas, acinzentadas, riscadas, pichadas, teto desabando, jardins com flores murchas, plantas crescidas sem poda, portões enferrujados, portas quebradas, salas sujas, mas para muitos Aquetas aquilo não os incomodavam, o que mais valia era poder trabalhar do jeito que eles queriam, sem obedecer a normas, regras, bom mesmo estava no ficar nas salas sem fazer nada e os alunos bagunçando tudo, cochilar em alguma sala isolada, ficar batendo um papo sem futuro nos corredores, ir embora mais cedo para casa, ficar em alguma mesa lendo para aparentar intelectualidade, discursos eloqüentes, mas sem as ação para as palavras bem colocadas com voz altiva, desacreditar dos projetos dos colegas, rezavam para nenhum dar certo, projeto que não dava certo, aceitavam de primeira, mas quando sentiam que podia dar certo e as coisas funcionarem, imediatamente esses projetos eram descartados, nas reuniões cada um tinha um plano com discursos mirabolante demonstrando tudo estar funcionando perfeitamente, tudo devia ser sempre assim, nada deveria mudar. Pobres Aquetas! Não sabiam o mal que estavam causando aos seus jovens, não percebiam o anseio, à vontade, o desejo das crianças e adolescente da cidade e das escolas em ver um mundo novo, uma vida melhor. Os jovens Aquetas viam na TV, na Internet, muitas cidades bonitas, limpas, as pessoas em constantes atividades, bonitas, altivas, alegres, tinham vida nas atitudes e sucesso nas suas vidas, eram inteligentes, saudáveis. Quanto mais os jovens, juntamente com alguns moradores, professores, educadores mostravam formulas de mudanças, de melhoria com idéias novas, novos projetos, os Aquetas se organizavam para destruir todos os sonhos destas criaturas
Os Aquetas às vezes me lembravam certo animal da natureza, eles agiam como as sanguessugas, vermes terrestres ou aquáticos, monóicos e com desenvolvimento direto. As sanguessugas podem ser predadores de pequenos invertebrados ou parasitas. As espécies parasitas fixam-se no hospedeiro através de ventosas, então por meio de pequenos dentes, "raspam" a pele da vítima, provocando hemorragia e sugando o sangue liberado. São capazes de ingerir um volume de sangue correspondente a várias vezes o seu próprio peso. E no passado, as sanguessugas ( Hirudo medicinalis ) foram muito usadas para provocar sangrias em pessoas com pressão alta. Como as sanguessugas, os Aquetas destruíam tudo na natureza, nas suas instituições, principalmente nas escolas, agiam como predadores para sugar cada centavo, cada recurso, cada material da escola em beneficio próprio, até um dia elas não suportarem mais com a pressão e sucumbirem fechando suas portas. Nada disto incomodava os Aquetas da Hirudínea.
Certa vez chegou um sábio na Hirudínea trazendo soluções magníficas para uma mudança total na cidade, como de costume foi rejeitado, excluído, caluniado, difamado, assediaram o coitado moralmente, fizeram um abaixo assinado para expulsá-lo acusando-o de incitarem aos jovens e pregar a discórdia entre os cidadão de bem, professores e comunidade em geral. Mas o velho sábio na sua sabedoria sabia que tinha algo de bom, um dia quem sabe os Aquetas da Hirudínea percebessem o valor de suas idéias, projetos e ações.
Na índia, um país bem distante, certa vez um homem poderoso aceitou a sugestão de um sábio e toda sua vida mudou. Conta-se que o rajá indiano Balhait, entediado com jogos em que a sorte acabava prevalecendo sobre a perícia e a habilidade do jogador, pediu a um sábio de sua corte, chamado Sissa, que inventasse um jogo que valorizasse qualidades nobres, como a prudência, a diligência, a lucidez e a sabedoria, opondo-se às características de aleatoriedade e fatalidade observadas no nard (antigo jogo indiano com dados).
Passado algum tempo, Sissa se apresentou ao rajá com sua invenção. Tratava-se de um tabuleiro quadriculado, sobre o qual se movimentavam peças de diferentes formatos, correspondendo cada formato a um elemento do exército indiano: Carros (Bispos), Cavalos, Elefantes (Torres) e Soldados (Peões), além de um Rei e um vizir (Rainha). Sissa explicou que escolheu a guerra como tema porque é a guerra onde mais pesa a importância da decisão, da persistência, da ponderação, da sabedoria e da coragem.
O rajá ficou encantado com o jogo e concedeu a Sissa o direito a pedir o que quisesse como recompensa. Sissa tentou recusar a recompensa, pois a satisfação de ter criado o jogo, por si só, já lhe era gratificante. Mas o rajá insistiu tanto que Sissa concordou em fazer um pedido:
- Desejo, como recompensa, um tabuleiro de Xadrez cheio de grãos de trigo, sendo que a primeira casa deve ter um grão, a segunda deve ter dois, a terceira deve ter quatro, a quarta deve ter oito, e assim sucessivamente, dobrando o número de grãos na casa seguinte, até encher todas as casas do tabuleiro com o número de grãos correspondentes.
- Desejo, como recompensa, um tabuleiro de Xadrez cheio de grãos de trigo, sendo que a primeira casa deve ter um grão, a segunda deve ter dois, a terceira deve ter quatro, a quarta deve ter oito, e assim sucessivamente, dobrando o número de grãos na casa seguinte, até encher todas as casas do tabuleiro com o número de grãos correspondentes.
O rajá se recusou a satisfazer um pedido tão modesto, e tentou persuadir Sissa a escolher uma recompensa mais valiosa. No entanto, Sissa disse que para ele bastava que lhe fosse conferida aquela recompensa, e nada mais.
Diante disso, o rajá ordenou que lhe dessem um saco de trigo, julgando que nele haveria pagamento de sobra, mas Sissa se recusou a aceitá-lo. Disse que não queria nem um grão a mais nem a menos do que lhe cabia receber.
Foi só então que o rajá ordenou aos seus matemáticos que calculassem a quantia exata que deveria ser paga, e descobriu, para sua consternação, que todo o trigo da Índia não era suficiente, aliás, todo o trigo cultivado no mundo, durante dezenas de anos, não seria suficiente! A quantia era 264 - 1 grãos de trigo, que corresponde à soma da série: 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 32 + 64 + 128 + 256 + 512 + 1.024 + 2.048 + 4.096 + ... + 9.223.372.036.854.775.808, isto é, 18.446.744.073.709.551.615 grãos de trigo!!?
Para alívio do rajá, Sissa disse que já sabia que sua recompensa não poderia ser paga, pois aquela quantidade daria para cobrir toda a superfície da Índia com uma camada de quase uma polegada de espessura.
Esta é apenas uma das lendas, mas que prova que os criadores desse jogo foram pessoas altamente inteligentes ou muito astutas e com grande habilidade em matemática e uma boa capacidade lógica e os Aquedas um povo egoísta e insensato.
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