domingo, maio 20, 2012

PARA NÃO DAR CERTO


PARA NÃO DAR CERTO

William Pereira da Silva

Depois que os fatos passam ao longo dos tempos temos as respostas para muitas de nossas indagações. São trinta e dois anos de magistério vivenciando uma educação sempre em crise, embora com problemas solucionáveis, porém nada é feito para elevar  a educação para um patamar  de qualidade superior. As respostas aparecem quando lemos um artigo como o da revista Veja de Gustavo Ioschpe  'Nossa escola não é feita para dar certo'. (http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/nossa-escola-nao-e-feita-para-dar-certo)

Faço uma retrospectiva no tempo para lembrar os inúmeros projetos apresentados por mim e meus colegas professores, pelo menos na realidade que atuei, todos nossos projetos foram extintos. Todos  foram desprezados e forçados a acabarem. Tudo foi feito para não darem certos.
Percebo o corporativismo atuando nas escolas públicas Estaduais, grupo de pessoas voltadas única e exclusivamente para defender interesses pessoais e partidários, qualquer que seja o projeto ou atividade que venha a contrariar seus interesses é imediatamente desprezado, mesmo que isso venha a prejudicar milhares de alunos. Esses grupos atuam eficientemente somente no que se relaciona ao financeiro da escola, neste setor qualquer que seja a pessoa envolvida, terá total apoio nas suas atividades, entretanto os outros setores da escola geralmente não sabe como os recursos são utilizados e para onde são destinados.
 Imaginemos uma escola que tenha toda uma infraestrutura  para seu funcionamento, mas para satisfazer a um grupo vários setores estão fechados. Alunos protestam, professores reclamam,  mas tudo permanece como esta, o interesse é fazer a escola funcionar o mínimo possível para que este grupo possa ter o controle geral, a lei do mínimo esforço, quantos mais salas fechadas, laboratórios, auditório, etc.,  menos esforço, planejamento e recursos humanos e financeiros serão utilizados, sendo exclusivamente prejudicados os alunos.
Gustavo Ioschpe afirma:   - Há, é claro, as exceções. O professor apaixonado pelo que faz que dê duro independentemente do salário, da carreira desanimadora, dos alunos desmotivados e dos colegas que o pressionam para se aquietar. O diretor comprometido, que se orgulha de fazer uma grande escola e seleciona profissionais que comprem essa batalha. Os alunos e seus pais que querem melhorar de vida e sabem que precisam de educação de qualidade, que lutam contra a pasmaceira. E os políticos comprometidos com a próxima geração, e não com a próxima eleição. Mas esses são minoria, e o sistema está contra eles. Enquanto a lógica do sistema não for alterada, todas as ações pontuais para melhorá-lo — da lousa eletrônica ao salário mais alto — provavelmente irão para o ralo. Acredito que o quadro só mudará quando a população passar a ver a educação brasileira como ela realmente é. Somente aí poderemos esperar a pressão popular por uma educação de qualidade, que gerará incentivo para que políticos cobrem desempenho dos funcionários do sistema. Ou seja, o problema é seu. Está esperando o que para fazer alguma coisa?