terça-feira, março 20, 2012

O READAPTADO OU “PÉ-NA-COVA”


Por William Pereira da Silva

Em conversas com colegas de trabalho, fui informado que numa palestra um ser humano do sexo feminino adjetivou, em forma de desdém e ironia, os professores readaptados de “pé-na-cova”. Não estava presente, mas, deu a entender, que a mesma discriminou todos aqueles que estão readaptados. Entendo que a readaptação somente é conseguida através de atestados médicos, aprovação por uma junta médica, respaldado pelo Regimento Jurídico Único  dos Servidores do Estado e das Autarquias  e  Fundações Públicas,  garantido por lei. Não existe crime em ser readaptado. Não existe favor de ninguém, é direito nosso. Caso haja pessoas beneficiadas sem autorização médica ou da lei ela deverá ser punida de acordo com a sua infração, entretanto devemos respeitar aqueles que realmente precisam estar nesta função por motivos de doenças diversas, hoje sou eu, amanhã poderá ser qualquer um ou uma. Ninguém é infalível ou esta isenta de adquirir uma doença, seja mental ou física.
Estou readaptado pela terceira vez, entre os anos de 2011 e 2012, já estive também nos anos de 1989 a 1992 com a mesma sintomatologia apresentada na atualidade. As causas para me encontrar nesta situação fogem ao meu controle, foram  adquiridas no ambiente de trabalho e outras consequências que me levaram a doença, daí solicitar a readaptação. Interessante é que estou trabalhando mais, atuando com uma carga horária mais longa, atuo diretamente com alunos e outros professores, com o diferencial que estou num laboratório de informática para qual estou qualificado, apesar de ser Professor de Educação Física,  por ter cursos  40h e de 180 horas, promovidos pelo  Núcleo  de Tecnologia  Educacional – NTE .
Em vários Estados, através de sindicatos e Ministério Público existem projetos de lei que visam proteger os direitos dos funcionários readaptados, inclusive teve casos de professores que entraram com um mandato de segurança para manter seus direitos preservados. "O servidor readaptado, principalmente o professor, não é alguém que possa ou deva ser descartado do sistema e prejudicado em seus direitos já que, na maioria das vezes, seus problemas de saúde começam com a atividade profissional que ele desenvolve nas escolas", salienta Giannazi, justificando que o exercício do magistério é árduo e difícil e vem tendo suas condições de trabalho pioradas em razão do descaso das sucessivas administrações "que não completam os módulos das escolas", de salas superlotadas e da indisciplina e insegurança muitas vezes presente.
Portanto devemos esclarecer as pessoas que discriminam os READAPTADOS, que elas podem sofrer ações de processos na justiça por utilizar de chavões menosprezando aqueles que, doente ainda tem de suportar humilhações e descasos, como esta ocorrendo em vários setores da administração pública.
A readaptação de acordo com o Regimento Jurídico Único  dos Servidores do Estado e das Autarquias  e  Fundações Públicas Estaduais, Lei complementar nª 122 de 30 de Junho de 1994, Título II, Capítulo I, Seção IV, Art 24, é a investidura do servidor, ocupante de cargo efetivo em outro cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, verificada em inspeção  de saúde.
§ 1º. Se julgado incapaz para o serviço público o readaptando é aposentado.
§ 2º. A readaptação efetiva-se em cargo de atribuições afins, respeitadas a habilitação exigida.
Sugiro que tratem os readaptados com respeito, pois muitos deles dedicaram uma vida inteira a Educação e por estarem em outra função nada tira seus méritos de professores.
Todos os readaptados, que se sentirem ultrajados, humilhados, discriminado procurem o Ministério Publico, faça sua denúncia, e quem sabe,  as pessoas que nos acham PÉ-NA-COVA” contribuam com uma indenização de uns dez mil reais para ajudar no nosso enterro.
Respeito é bom e eu gosto.
Maquiavel na sua sabedoria citou “Os homens julgam mais pelos olhos do que pelas mãos, porque a todos cabem ver, mas poucos são capazes de sentir. Todos vêem o que tu aparentas, poucos sentem aquilo que tu és.

domingo, março 18, 2012

TRÊS DIAS DE EDUCA-CÃO ( Sem o Cedilha mesmo)


Por William Pereira da Silva
Estou na sala de informática digitando algumas declarações quando ouço gritos histéricos e percebo movimentos nos corredores, olho para a hora, constato que não estava ainda no intervalo das 9h30min. Curioso, fui dar uma olhadela lá fora, abro a porta e me deparo com um jovem franzino, baixo, cabelos pintados de loiro, percebi logo que não era aluno da escola, o mesmo gritava dizendo que ia tocar fogo nas carteiras dentro das salas de aulas, começou a chutar as portas por onde passava. Sai da sala e comecei a observar mais de perto a ação deste jovem delinquente. Percebi que o mesmo parecia estar drogado. Andava de um lado para o outro feito louco  ameaçando todos que encontrava pela frente, vi que outros três os acompanhava dando-lhes cobertura e incentivando a realizar suas ações maléficas. Subiu a rampa, dirigiu para a sala de aula no andar superior, começou a jogar carteiras para cima, nas paredes causando um barulho infernal. Continuei olhando passivamente para ele que continuava sua trajetória alucinada. Depois de aconselhado por uma corajosa professora ele resolveu sair, entretanto  foi em direção as bicicletas para tentar furta-la sendo impedido pelos funcionários. Telefonamos para a Polícia que não apareceu. A dose foi repetida por mais dois dias até a polícia chegar e deter esses adolescentes infratores. A polícia leva-os ao SEDUC, é  prestado depoimento no DEA. Os pais liberam os jovens por não poderem ficar detidos, pois são menores de idade.
O terror se instalou na escola, alunos corriam desorientados, funcionários empalideciam, outros se escondiam, foi o caos generalizado. Foram três dias de aflição para todos. Parecia que ia se repetir o que aconteceu no Rio de janeiro em Realengo.
Passado dias do ocorrido um dos adolescentes, ex-aluno da escola volta e ameaçam de morte a Diretora e o professor que foi ser testemunha dos fatos ocorridos.
Solicitamos reunião com a representante da  12 ªDired que em reunião prometeu segurança para a escola, mas ainda nada foi resolvido em definitivo.
Leio no site do Governo que a Governadora convoca professores e sociedade para construir um novo momento na educação. A Governadora disse que o Governo do Estado do Rio Grande do Norte vem cumprindo seu dever de casa com relação à educação. Esse dever de casa esta malfeito, precisa ser revisto. Faz festa por cumprir o Piso dos professores, cem ônibus para transportar estudantes, nomeia mais de mil educadores, mas esquece da segurança pública e das escolas em especial. Que adianta professores ter dinheiro, alunos chegarem às escolas, ter mais professores e os jovens marginais aterrorizam os estabelecimentos públicos estaduais de ensino não deixando as aulas acontecerem.
Conserta de um lado e quebra do outro.